sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estudo permanente



A educação, segundo a concepção platônica, visava a testar as aptidões dos alunos para que apenas os mais inclinados ao conhecimento recebessem a formação completa para ser governantes. Essa era a finalidade do sistema educacional planejado pelo filósofo, que pregava a renúncia do indivíduo em favor da comunidade. O processo deveria ser longo, porque Platão acreditava que o talento e o gênio só se revelam aos poucos.

A formação dos cidadãos começaria antes mesmo do nascimento, pelo planejamento eugênico da procriação. As crianças deveriam ser tiradas dos pais e enviadas para o campo, uma vez que Platão considerava corruptora a influência dos mais velhos. Até os 10 anos, a educação seria predominantemente física e constituída de brincadeiras e esporte. A idéia era criar uma reserva de saúde para toda a vida. Em seguida, começaria a etapa da educação musical (abrangendo música e poesia), para se aprender harmonia e ritmo, saberes que criariam uma propensão à justiça, e para dar forma sincopada e atrativa a conteúdos de Matemática, História e Ciência. Depois dos 16 anos, à música se somariam os exercícios físicos, com o objetivo de equilibrar força muscular e aprimoramento do espírito.

Aos 20 anos, os jovens seriam submetidos a um teste para saber que carreira deveriam abraçar. Os aprovados receberiam, então, mais dez anos de instrução e treinamento para o corpo, a mente e o caráter. No teste que se seguiria, os reprovados se encaminhariam para a carreira militar e os aprovados para a filosofia – neste caso, os objetivos dos estudos seriam pensar com clareza e governar com sabedoria. Aos 35 anos, terminaria a preparação dos reis-filósofos. Mas ainda estavam previstos mais 15 de vida em sociedade, testando os conhecimentos entre os homens comuns e trabalhando para se sustentar. Somente os que fossem bem-sucedidos se tornariam governantes ou “guardiães do Estado”.


O aprendizado como reminiscência

Platão defendia a idéia de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Dessa forma, todo aprendizado não passaria de um esforço de reminiscência – um dos princípios centrais do pensamento do filósofo. Com base nessa teoria, que não encontra eco na ciência contemporânea, Platão defendia uma idéia que, paradoxalmente, sustenta grande parte da pedagogia atual: não é possível ou desejável transmitir conhecimentos aos alunos, mas, antes, levá-los a procurar respostas, eles mesmos, a suas inquietações. Por isso, o filósofo rejeitava métodos de ensino autoritários. Ele acreditava que se deveria deixar os estudantes, sobretudo as crianças, à vontade para que pudessem se desenvolver livremente. Nesse ponto, a pedagogia de Platão se aproxima de sua filosofia, em que a busca da verdade é mais importante do que dogmas incontestáveis. O processo dialético platônico – pelo qual, ao longo do debate de idéias, depuram-se o pensamento e os dilemas morais – também se relaciona com a procura de respostas durante o aprendizado. “Platão é do mais alto interesse para todos que compreendem a educação como uma exigência de que cada um, professor ou aluno, pense sobre o próprio pensar”, diz o professor Sardi.

Para pensar

Platão acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da civilização, portanto, funcionaria como antídoto para todo o mal cometido pelos seres humanos contra seus semelhantes. Hoje poucos concordam com isso; a causa principal foram as atrocidades cometidas pelos regimes totalitários do século 20, que prosperaram até em países cultos e desenvolvidos, como a Alemanha. Por outro lado, não há educação consistente sem valores éticos. Você já refletiu sobre essas questões? Até que ponto considera a educação um instrumento para a formação de homens sábios e virtuosos?

3 comentários:

  1. A educação se faz necessária; na escola
    instrução cultural, e em casa, a educação moral e ética. Tem e deve ser, não só ensinada, mais também praticada por todos. Quanto mais cedo começamos e ensinar a educação Ético-moral, mais rápido colheremos os frutos da plantação.

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  2. Ola Dalvani
    Muita paz

    O conceito de estudo faz parte da sensibilidade e está inata nos parametros da razão e consciência ,não acha?
    Logo , a escola tem que formar, mas em casa teremos que educar, quer em valores etico-morais.
    Mas a educação de hoje , está a desviar-se dos conceitos reais do que é Familia e parecendo que não, a etica sem razão , sem amor, e sem verdade dificilmente crescerá, e na realidade a Humanidade precisa de um abanão moral e isso está a contecer todos os dias...

    Muita paz

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  3. Ola Amigos
    Na realidade o conceito de estudo não se ode confundir commoralização e educaçºão, o estudo apenas aproxima os valores da ignorãncia para o conhecimento, a moral essa é salvaguardada pela ação educativa no lar e reforçada pela inger~encia de necessidade de aprendizado no quotidiano, porque o que se fazia antigamente , já não se pode exercitar da mesam forma no hoje. Daí existir a evolução quer moral , inteletual e espiritual. O que nos afasta dos valores educativos e de que verficamos uma enormidade de flhas está no orgulho e egoismo ainda existente na consci~encia de cada individualidade, por vivemos num Mundo que ainda tem o mal a suplantar o bem e por muito mal que pensemos do elam de pessoas que nos rodeiam , acerca do conceito estudo educativo vivencial, temos que reconhecer sermos ainda Seres inferiores , materialistas e que na nossa imperfeição, apesar de tudo é com os erros que se aprende...O tempo esse vai levar pela vontade ou força " Expressão" compulsão a terem que mudar de postura. O primnitivismo ,já lá vai, no entanto ainda existe muito para fazer e essa mudança começa em cada individualidade no conhece-te a ti mesmo.

    Muita paz

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Ola Amigo ou Amiga

Agradeço seu comentário, lembrando apenas que cada ser tem uma opinião individual, e daí aceitar criticas, mas que sejam dentro dos valores do respeito e da boa fé..
abraço